Há
assuntos em que não tenho tocado no blog, de forma a deixar que este seja um
oásis fora do mundo real. Vou quebrar essa regra. Vejam isto como um desabafo. Neste
período de manifestações e em que o povo português parece estar a acordar, há
um aspecto que me tem intrigado. Aqueles que dizem que votaram no PSD mas que
afirmam que não esperavam de Passos Coelho este tipo de medidas que, pensam
eles, não representam a base do partido. Digam-me uma coisa: será que as
pessoas não fazem ideia no que e em quem votam? Chegam às urnas e depositam o
voto estando completamente às escuras? Mais valia fazerem uma cruz ao calhas e
saía o que saísse. Se há algo que se pode dizer sobre Passos Coelho é que ao
menos tem sido ideologicamente consistente ao longo do tempo. Ele sempre foi um
neo-liberal da ala direita do partido, já nos tempos da JSD. O que é que as
pessoas esperavam que acontecesse? A desestruturação do Estado a que estamos a
assistir, com a privatização de serviços essenciais, não é necessariamente e
apenas uma imposição da troika. A troika não chegou cá e exigiu que deixasse de
haver televisão pública, até porque em todo o lado há televisão pública, até
nos Estados Unidos. Isso é uma questão ideológica para Passos Coelho e o seu
gangue. Claro que há outros negócios pessoais por trás, toda a gente o sabe e ninguém
o diz abertamente. Chega a ser hilariante ver e ler todo o tipo de debates e
reflexões sobre o assunto em que parece que se insinua sem se chegar a dizer;
vejam a arte de contornar a questão (estou a fazer o mesmo, eu sei). Perguntem
a Relvas porque é que parece tão determinado em vender o país aos angolanos.
As
acções e atitude de Passos Coelho têm tudo a ver com a sua ideologia. Muita gente, aqueles
que se dão ao trabalho de seguir o que se passa, já estava à espera que isto
acontecesse. Uma dica para evitar dissabores: na próxima prestem atenção antes
de votar.
Maria Braun