quinta-feira, 12 de agosto de 2010

IV

As mulheres gostam de sapatos,
As mulheres gostam de gatos,
Sapatos e gatos,
Gatos em sapatos,
E tantos soutiens queimados...
B. Parker

sábado, 7 de agosto de 2010

Goethe



A fazer fé à representação, Goethe teria sido um homem desproporcionado... mas com alguma graça.

K. Douglas

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

O sério problema da música que não nos sai da cabeça ou quando não há nada a dizer e há mais de um mês que não escrevo nada...

Hoje acordei com os Velvet Underground na cabeça. Mais exactamente, Venus in Furs. Porquê? Não faço a mais pequena ideia.

Toda a minha rotina matinal foi acompanhada pela voz nasalada de Lou Reed. A cada gole de café, a cada mecha de cabelo escovada, ouvia os acordes da guitarra. Desci as escadas a assobiar (shiny, shiny, shiny boots of leather) e encontrei o rapaz do primeiro andar que me lançou um olhar de estranheza. "Bom-dia", "Bom dia".

Não corri para o metro. Se corresse, teria conseguido apanhá-lo e chegaria dez minutos mais cedo. Para quê?! Mantive o passo e a posse com as portas a fecharem-se à minha frente (Ermine furs adorn the imperious Severin).

Fiz todo o caminho hipnotizada pelo gancho dourado da senhora que estava diante de mim mas, mesmo assim, fui capaz de sair na estação correcta (A thousand dreams that would awake me).

Cheguei mecanicamente ao trabalho, sem consciência do percurso feito. Cumprimentei quem vi demasiado lânguida, demasiado afectada (kiss the boot of shiny, shiny leather).

Mais tarde, almocei sem apetite. No fim, um café. O homem do balcão deu-me o troco com o mesmo mau-humor de sempre. Mas hoje, eu gostei (Taste the wip, now plead for me).

Entre o portátil e eu, o resto da tarde foi um diálogo de suspiros, com os dedos cada vez mais pesados e um desconforto nas costas. Não há posição possível quando está sol lá fora e há a certeza que o nosso lugar não é ali (I am tired, I am weared, I could sleep for a thousand years).

Cheguei a casa frustrada e com pouca coisa escrita. Como diria Cesário, com "um desejo absurdo de sofrer". Nem as uvas cardinal, comidas na varanda, destruiram a soturnidade. (Strike, dear mistress, and cure his heart).

Sally Bowles

P.S.: Não sabia que era possível inserir tantos caracteres na caixa do título.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

She’s alone in the new pollution

Há uns meses atrás a Sally tentou iniciar uma discussão sobre a música dos nossos anos de escola. Como na altura não participei, resolvi agora (será tarde demais?) juntar-me ao debate. Tal como a Sally, não tenho memórias negativas desses anos, muito pelo contrário. Tenho a noção de ter tido sorte por ter estudado, da primária ao fim do secundário, numa escola relativamente pequena, onde praticamente todos se conheciam e onde tínhamos os mesmos professores ano após ano e as turmas se mantinham inalteradas, numa continuidade maioritariamente positiva. Claro que havia as missas de Natal e de Páscoa na capela da escola, mas cedo percebi que podia facilmente escapar a esse tédio. Para ser sincera, sinto alguma nostalgia.
A música era algo essencial nessa altura, uma obsessão quase tão intensa quanto a literatura e o cinema. Lembro-me das idas à Bertrand para comprar revistas de música britânicas, algumas das quais ainda estão lá por casa. Um dos momentos mais relevantes foi para aí aos 12, a primeira vez que ouvi Parklife. Ou quando vi Beck pela primeira vez no Coliseu, lá para os idos de 98. Se olhar para os meus CDs e cassettes (sim, eu disse cassettes) da altura, encontro, para além dos já mencionados Blur e Beck, gente como Pulp, Pavement, Super Furry Animals, Suede, Nick Cave, Belle and Sebastian, Radiohead, Divine Comedy, Manics, Jeff Buckley, Mercury Rev e tantos mais. A britpop era uma paixão, desde os melhores até aos mais trashy – e acho que sabia diferenciá-los –, de Bluetones, passando por Supergrass até aos Sleeper (e ainda alguém se lembra dos terríveis Menswear?). Há canções que me transportam automaticamente para essa altura, como Girl From Mars dos Ash ou Connection dos Elastica.
Ainda há dias tive um momento nostálgico quando passaram na rádio uma canção que não ouvia há anos, Lump dos Presidents of the USA, porque há canções que são hoje e sempre parte de um momento no tempo, mesmo que, como nesse caso e noutros, sejam apenas canções que ouvíamos na rádio e que nunca chegámos a adquirir.
Aqui ficam cinco exemplos (mais ou menos aleatórios) da música dos 90s que fazem parte da minha banda sonora do liceu. Excluo os Blur e os Pulp porque já coloquei vários vídeos deles aqui no blog.

Bluetones, Slight Return


Ash, Girl From Mars


Supergrass, Alright


Beck, The New Pollution


Manic Street Preachers, A Design for Life




Maria Braun

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Blog vs.Quotidiano

Depois de uma longa ausência – vida real e tal – quis associar o meu regresso ao de Mad Men. Para além das múltiplas nomeações para os Emmy, anunciadas no início de Julho, este mês traz-nos a muito esperada quarta temporada (e as Barbies). Enquanto contamos os dias que faltam para a estreia (para quem segue a série em ritmo americano, claro), aqui fica um dos vídeos promocionais da nova série. Próximo Domingo!





Maria Braun

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Arri-ba-ba??

Frankly, my dear, I don't give a damn. Respondo assim à Sally. A bola é uma das coisas que menos me preocupa neste mundo. Já foi diferente: no mundial dos Estados Unidos, há 16 anos (!!) atrás, ficava acordado para ver os jogos. Vibrava com a Bulgária (não sei porque carga de água... mentira, naquele altura o Sporting tinha uns jogadores búlgaros decentes e havia um jogador, cujo nome já não me lembro, que marcava livres com um eficácia fulminante) e a minha memória guarda aquele jogo incrível entre a Roménia e a Argentina, se não estou enganado em tudo isto. Quando uma pessoa tem que esperar até ao dia 14 de Maio de 2000 para ver o seu clube para ser campeão - sem saber quando esse dia chegaria, alguma coisa se perde. A verdade é que não quero saber. Apesar disso tudo, o princípio do Verão de 2004 foi qualquer coisa de espantoso. As pessoas estavam doidas. Lisboa estava cheia de gente. O grande cartaz nas Amoreiras mudava jogo após jogo, vitória após vitória de Portugal. Admita-se, apesar da minha natural indiferença, Scolari mexia comigo...

K. Douglas.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Allez!! Allez!!

Estamos em Junho de 2010 e o Campeonato Mundial de Futebol é um elefante amarelo às bolinhas no meio da sala. É impossível não falar nisso! Além do mais, trata-se de um momento único (pelo menos de 4 em 4 anos é único!) - a união frente a ecrãs gigantes com acessórios ridículos na tola, o hino cantado com a mini na mão, o reacender de rivalidades criadas em campeonatos anteriores (e leia-se: França, Coreia do Sul, Grécia, Alemanha, etc...), a possibilidade de podermos dizer frases como "ganhámos à Inglaterra" ou "levámos dois do Gana" sem parecer que sofremos de algum distúrbio de personalidade. E, depois, é das poucas alturas em que toda a gente odeia a Itália. Sim, porque a Itália será sempre a grande vilã dos campeonatos mundiais de futebol.
Sei que muitos não partilham do meu entusiasmo. Sei também que há quem não seja sensível ao chamado desporto-rei e considere tudo isto uma perda de tempo e uma chaga na produtividade nacional.
Porém, para todos os que trocem o nariz a 22 matulões atrás de uma bola e um a soprar no apito deixo aqui 5 razões para acompanhar o Mundial:

1. Os hinos
Não é todos os dias que ouvimos o hino das Honduras. Ponto final. Mas acrescentemos outros atractivos. Vejam os norte-coreanos comovidos até às lágrimas - assustador! Reparem bem como metade da selecção portuguesa corrompe a letra (igrégios?! herégios?? hereges?! mas que o que é são mesmo os nossos avós?!). O Brasil dá-nos sempre um grande momento - cantam mal, é verdade, mas todos cantam, pá!

2. As claques
Esqueçam as vuvuzelas! As claques são sempre o sal de qualquer competição e as africanas e sul-americanas primam pela originalidade e pela alegria. No caso das europeias, o álcool ajuda. Atentem bem nos acessórios e no extenso vocabulário ultrajante. Com alguma atenção, podemos aprender a injuriar um árbitro em mais de dez línguas. Ainda dizem que futebol não é cultura!

3. Os festejos do golo
Há alguns passos básicos: o beijinho, o berço, o coração, as palmadinhas. Depois, tudo fica ao critério da originalidade do jogador. Um arrisca uma acrobacia, outro um passinho de dança. É bonito, sim senhor! E há sempre um valente que arranca a camisola provocando a falta de sensibilidade estética do código de arbitragem.

4. Os casos
Nós portugueses costumávamos ser bons nisso - desde o campeonato do México até ao Mundial da Coreia. Entre a violência e os escândalos sexuais, Portugal primava pela abundância de casos polémicos que serviam de desculpa para os resultados menos entusiasmantes. E olhem que, depois do jogo contra a Costa do Marfim, eu vi ali um raiar de qualquer coisa... qualquer coisa que esfriou com o massacre coreano. É melhor dar-mos a mão à palmatória - como num livro do Astérix, nós fomos vencidos pelos gauleses! Não sei é qual foi a poção mágica.

5. A moda capilar
Um nome se levanta mais alto do que todos os nomes - Valderrama. Nostalgia! O que é feito do senhor da abundante cabeleira? Esta é outra categoria na qual Portugal também leva a melhor. Recordemo-nos de Fernando Couto ou, mais exótico, de Abel Xavier. Portugal dita mesmo a moda. Já repararam como a pasta de cabelo de Cristiano Ronaldo, a que alguns chamam penteado, está a ser prodigamente imitada? Até o Torres, do qual recordo as belas mechas ruivas, aderiu à tendência. Será que iremos exportar outras modas? Será que nos próximos tempos veremos mais jogadores com nuances "a la Coentrão"?

São apenas 5 razões mas muitas mais haverá. Acredito mesmo que os meus colegas blogueiros também terão uma palavra a dar.
Um link para quem quiser acompanhar o calendário dos jogos: http://www.marca.com/deporte/futbol/mundial/sudafrica-2010/calendario.html
Sally Bowles

sexta-feira, 18 de junho de 2010

José Saramago 1922-2010

«A península parou. Os viajantes descansarão aqui este dia, a noite e a manhã seguinte. Chove quando vão partir. Chamaram o cão, que durante todas estas horas não se afastou da cova, mas ele não foi, É o costume, disse José Anaiço, os cães resistem a separar-se do dono, às vezes deixam-se morrer. Enganava-se. O cão Ardent olhou José Anaiço, depois afastou-se lentamente, de cabeça baixa. Não o tornaram a ver. A viagem continua. Roque Lozano ficará em Zufre, irá bater à porta de sua casa, Voltei, é a sua história, alguém há-de querer contá-la um dia. Os homens e as mulheres, estes, seguirão o seu caminho, que futuro, que tempo, que destino. A vara de negrilho está verde, talvez floresça no ano que vem.»

José Saramago, A Jangada de Pedra, 1986.


K. Douglas

segunda-feira, 7 de junho de 2010

The best tv?

A Entertainment Weekly lançou recentemente uma lista com as 100 personagens do mundo da televisão e do cinema que marcaram a cultura pop nos últimos 20 anos. O terceiro lugar coube a Buffy (o que me deixou contente), o segundo a Harry Potter (perceber até percebo) e o primeiro a Homer Simpson (que surpresa!) . Tony Soprano ficou em quarto lugar (crazy, crazy people). A lista deixa muito a desejar e há certos nomes que não consigo compreender. Há outros cuja classificação é injusta e ainda outros cuja ausência é para mim inexplicável. Alguém da família Fisher? Não? Laura Palmer?Também não?

Aqui fica a ligação para a lista:


K.Douglas

terça-feira, 1 de junho de 2010

Dennis Hopper (na reitoria)


Blue Velvet, David Lynch,1986.

Lembramos Dennis Hopper. E com esta lembrança surge uma outra: um episódio da nossa vida universitária marcado pela sua personagem em Blue Velvet.
A Sally que o diga.

K. Douglas