terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Um prémio merecido

Como foi noticiado, Norman Mailer ganhou, recentemente, com a sua última obra, The Castle in Forest, o prémio Bad Sex in Fiction Award, o qual premeia, todos os anos, a pior descrição literária de uma relação sexual. Considero injusto não se contemplar também o que por aqui se faz de melhor, ou de pior, como preferir. Afinal, neste assunto, não há nada como a língua de Camões. Senão, vejamos:
“E iniciava então, com apressada lentidão, esta verdadeira tocata e fuga de Bach dos Genitais que era a sua homenagem carinhosamente impetuosa ao membro viril de Tito, o qual saltava como um espadarte de prata apanhado por um anzol esperto e enérgico, os lábios de Sally. O ruivo anarconiilista bem tentara, numa dessas experiências inolvidáveis, cronometrar quanto tempo durava exactamente a cerimónia toda, desde o início até à apoteose líquida final, ao clímax gritado de olhos fechados, mas depressa constatara que o sublime, tanto na música como no sexo, não pode ser rigorosamente quantificado, pois logra condensar o eterno no instante, o imenso no detalhe e o infinito na mera molécula.”
In João Medina, Os Náufragos do Mar da Palha, Lisboa, Livros Horizonte, 2006, pp. 289-290.
Esta passagem, sim, é que é o sublime do reles! E tal não pode ser quantificado, não senhor! Repare no insólito das metáforas (Bach dos Genitais?!) e em toda a imagem perturbadora do espadarte, sobretudo para quem gosta de peixe. Qual Garganta Funda, qual quê?! O autor merecia um doutoramento honoris causa em ordinarice!
E com esta me fico. Boas leituras!Sally Bowles