terça-feira, 22 de setembro de 2009

Uma nota sobre o caso Público

O Público sempre foi o jornal lá de casa. Depois do desaparecimento do Diário de Lisboa (contaram-me, porque não tenho memória desses tempos) instalou-se uma sensação de vazio e de falta de um jornal diário de referência numa casa de ávidos leitores. O Público veio preencher este vazio e, desde que saiu o primeiro número, tornou-se uma compra diária. Lembro-me de começar a ler o jornal desde muito cedo, a princípio por causa de Calvin & Hobbes e, posteriormente, porque me tornei numa precoce entusiasta da política. No entanto, o entusiasmo com o jornal morreu um pouco com a saída de Vicente Jorge Silva e as mudanças na direcção. José Manuel Fernandes representava uma linha política diferente, na qual nenhum de nós se reconhecia. Isso não implicou uma mudança de jornal da nossa parte porque, para dizer a verdade, não havia nenhum outro diário de referência no pobre panorama jornalístico português. O Público continuou a ser o melhor porque abria espaço ao comentário, aos cronistas, para além da notícia pura e simples; porque queria ser um espaço de debate. Contudo, ao longo dos anos, a minha insatisfação cresceu. Por um lado, porque a qualidade da escrita deixa, por vezes, muito a desejar para um jornal que se quer destacar da mediania. Erros gramaticais, ignorância de alguns jornalistas (desde quando é que a época vitoriana se situa no século XVIII ou que o Império do Sol Nascente é a China?), para além da recorrente prática jornalística de copiar artigos da wikipedia ou de outros jornais ou blogs internacionais sem nunca referenciar as fontes. Sendo eu leitora assídua, por exemplo, da imprensa cinematográfica internacional e de vários sites, quantas vezes encontrei eu artigos sobre cinema que não eram mais que uma mera tradução de outros que já tinha lido online? Eu sei que isto se faz em todos os jornais mas volto a dizê-lo: o Público apresenta-se como uma referência. Nos últimos anos, tenho tido a sensação que este jornal se preocupa cada vez mais com a imagem e cada vez menos com a qualidade dos jornalistas.
O pior de tudo, no entanto, foi a viragem política na direcção. Isto tornou-se ainda mais grave no último ano e tal, depois dos problemas de Belmiro de Azevedo com o governo socialista. O “patrão” impôs claramente uma agenda que em nada colidia com a linha política do pró-PSD José Manuel Fernandes. Deixem que vos diga uma coisa: não voto no PS e não gosto de Sócrates. Até eu, contudo, que não tenho simpatia nenhuma por este governo, sou capaz de perceber (e muitas vezes discuti isto no último ano) que há uma campanha contra Sócrates, cheia de ataques pessoais ao Primeiro-Ministro. É demasiado óbvio.
Depois de tudo isto, quero apenas dizer uma coisa: não o escondam. Em Portugal, os jornais têm um grande receio de se apresentarem como defensores de uma determinada linha política, porque acham que têm de projectar uma imagem de isenção. Mas porquê? Não há mal nenhum em se ser partidário, mas sejam honestos em relação a isso. Muitos jornais de referência por esse mundo fora apresentam claramente as suas opções políticas. O New York Times sempre se alinhou com os democratas; todos nós sabemos qual é a linha política do Le Monde ou do El País. Em Inglaterra, há um perfil de leitor para cada jornal, desde um Guardian a um Daily Telegraph (ou Torygraph, como é chamado pelos seus opositores). Eu leio o Guardian e identifico-me com o perfil do típico "Guardianista". Eu sei que ninguém lê este blog, mas mesmo assim deixo um apelo: sejam transparentes. Se o Público ou qualquer outro jornal tem uma determinada linha política, admitam-no. Os leitores mais atentos sabem perfeitamente onde é que o seu jornal se situa no espectro político, para quê, então, escondê-lo? Deixem-se é de jogos sujos.
Eu continuo a ler o Público, não tão atentamente como há uns anos atrás, mas continuo. Não me identifico com a linha política, acho que tem perdido qualidade, mas mesmo assim não tem competição. Por isso mesmo acho que, se o jornal quer manter o prestígio, tem de começar a ser honesto com os leitores. Assumam-se como oposição, não tentem mostrar isenção. Apenas têm a ganhar em credibilidade. Isto aplica-se a todos os jornais portugueses.
Maria Braun

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Versões

Continuando dentro do mesmo tema (será este o mês dos Beatles aqui no blog?), encontram abaixo duas versões de canções dos Beatles. A primeira é uma sátira de Peter Sellers ao Ricardo III de Laurence Olivier – Sellers imita o estilo do actor mas com um twist, recitando A Hard Day's Night em vez do texto original. A segunda é retirada de uma actuação ao vivo: Rufus Wainwright, Moby e Sean Lennon interpretam Across the Universe.






Maria Braun

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

"O Absoluto que pertence à Terra"

Bem, eu passei o Verão de 2007 a ouvir Beatles e nessa altura disse que o meu disco preferido deles era o Abbey Road. Na véspera de Natal do mesmo ano comprei um poster deles e vi este vídeo. Lembrei-me que esta é a minha canção de infância dos Beatles e que cantava com grande contentamento os lalalalalala.

K. Douglas

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Revolver

A Day in the Life também é uma das minhas preferidas, Ms. Bowles. E não dei uma resposta ao repto porque esperava as vossas reacções. Para além do mais, a minha resposta é previsível, apesar de não ser nada fácil escolher um só álbum dos Beatles. A minha primeira escolha é Revolver, seguido de perto por Rubber Soul. No entanto, se me tivessem feito a mesma pergunta quando tinha 11 anos, a resposta seria A Hard Day’s Night.
Revolver porque é o primeiro álbum experimental da carreira dos Beatles, porque é arrojado, inovador e praticamente perfeito. E tem Tomorrow Never Knows. Rubber Soul porque é o primeiro passo para a essa mudança representada por Revolver – apesar de ser pop, é uma pop mais madura que a dos álbuns anteriores e é a manifestação do desejo de ultrapassar a Beatlemania. Falando de canções individuais, é difícil bater um conjunto como este: a belíssima In My Life (outra das minhas preferidas), Nowhere Man, Girl, Norwegian Wood… Lennon é excepcional neste disco.
Quem me oiça poderá pensar que eu não gosto da fase mais pop ou que a considero inferior, mas isso não é verdade. Adoro os primeiros discos dos Beatles e continuo a ouvi-los regularmente. No entanto, os Beatles tinham a necessidade de dar o salto a seguir a Help!, de forma a continuarem musicalmente relevantes. Poderia ter sido um falhanço – acabou por ser um dos momentos mais importantes na história da música popular, tal como a Beatlemania o fora escassos anos antes. Para além disso, são discos que ouço vezes sem conta sem encontrar falhas relevantes; e Revolver, sobretudo, continua a ser actual e inultrapassável.
Maria Braun

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Ah, o Sargento Pimenta!

Não posso deixar de responder ao apelo da caríssima blogueira Maria Braun. Os Beatles também fazem parte da minha infância – e não, não sou uma sexagenária. Sou antes a prova viva de que foram muitas as gerações que cresceram à procura do submarino amarelo e da Lucy dos diamantes. Se alguém souber da senhora dos diamantes, diga-me qualquer coisa porque até dava jeito.
Escolher um álbum dos Beatles é uma tarefa ingrata, Fraulein Braun... Aliás, repararam como quem lançou o repto não deu uma resposta? Pois, pois!!
Confesso que tenho um fraquinho pelo Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band. Gosto do lado mais lúdico e “transformista” dos Beatles! Mas gosto sobretudo porque é o álbum que contém aquele que, ao lado do “Strawberry Fields Forever”, é possivelmente o meu tema favorito dos Fab Four, “A Day in Life”. Além do mais, o Ringo canta!! With a little help from my friends, como é claro.
Sally Bowles

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Dia dos Beatles

Não posso deixar de assinalar o dia 09/09/09, com o relançamento do catálogo dos Beatles (sobretudo sendo esta a “semana dos Beatles” na BBC, que tem passado documentários bem interessantes sobre a banda e a “invasão britânica”). Se tivesse de escolher a banda que mais me marcou, eles seriam a escolha mais óbvia, porque sempre estiveram presentes. John Lennon foi uma obsessão de infância, apesar de ter nascido alguns anos depois da sua morte. O facto de ter a discografia completa da banda (e os filmes) significa que não irei comprar tudo de novo, mas mesmo assim fica a referência.
Pois é, aqui coloco mais um vídeo – parece que é a minha especialidade neste blog. Já agora, uma pergunta aos meus caros companheiros: qual é o vosso álbum preferido dos Beatles?
Maria Braun

sábado, 5 de setembro de 2009

Por falar em Cole Porter

Night and Day de Cole Porter com Fred & Ginger
Maria Braun

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Don Draper e os alfarrabistas

Só tu, cara Sally, me fazes abandonar o estado de hibernação. Surpreendentemente, ainda ando por cá. Pois é, quando a nossa actividade é escrever, torna-se difícil manter o blog como passatempo. Aqui vai a minha lista, sem ordem de preferência:
Ouvir Cole Porter pela noite dentro. Let’s do it
Cachecóis
Cheirar folhas de chá
Ver as duas primeiras séries de Mad Men em repeat
Filmes antigos em preguiçosas tardes de Verão
Peças Art Déco
Um chocolate quente em Dezembro
Atravessar a ponte de Waterloo
Chuva no Verão e sol no Inverno
Livros com velhas encadernações (e aquele cheiro)

Maria Braun