quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Sally, o Regresso

Eu sou um daqueles raros casos que consegue vislumbrar algum encanto no período pré-eleitoral. Campanhas, debates, tempos de antena, cartazes, beijinhos em criancinhas ranhosas – não podemos negar o potencial cómico disto tudo. Muitos discursos parecem um verdadeiro exercício de stand-up comedy e os frente-a-frente estão ao nível de um bom sketch dos Marretas.
Sugiro apenas uma breve reflexão sobre os cartazes que despontam um pouco por todo o país. Olhando os do PSD, não posso deixar de louvar o trabalho de quem é capaz de tornar a fácies de Manuela Ferreira Leite ainda mais desagradável, com um quê de professora primária tirânica, pronta a dar umas palmadas em quem não souber a tabuada (ou o défice público). E o PS, bem... Já viram aquele cartaz em que José Sócrates aparece entre um magote de gente esfumada mas que o contempla como se fosse o novo Messias? Aquela expressão é o quê? Prisão de ventre? Será que o nosso primeiro-ministro precisa de consumir mais bifidus activo?Os dois partidos de esquerda mantêm a sua imagem de marca – o PCP sempre a tocar a mesma cassete (citando Brüno, “Isso é tão Álvaro Cunhal!”) e o Bloco com a sua política-combate, um autêntico “Fight Party”. O PP não desilude. Repararam nos novos cartazes? Não me refiro àqueles reaccionário-populistas do tipo “Concorda com o rendimento mínimo para quem não quer trabalhar?”, ou “Acha bem um governo que protege os ladrões e condena os polícias?”, ou “Não considera uma falta de gosto sapatos que não combinam com a ponchete?”. Estou a pensar antes num outro cartaz em que Paulo Portas aparece com o ar ameaçador do género “Vou-te comer!” (e não no sentido divertido do termo, embora tal também fosse uma opção de marketing viável...) ao lado do slogan “Há cada vez mais gente a pensar como nós”. É um facto... assustador.
Sally Bowles