domingo, 25 de novembro de 2007

Petiscou?

Este blog não é uma espécie de nada. Sim, temos que os referir porque eles são bons, ainda que um pouco, um poucachinho, tontos. Ora aí está! São bons porque sabem como os portuguesinhos valentes são. Desde o chico-esperto ao doutor, passando pelos servis, como por exemplo a maluca de capachinho que serve cafés na pastelaria pseudo-finória aqui do bairro: "Oh, D. Constança quer que aqueça o seu leitinho, quer? E o maridozinho, o doutor, tem passado bem?" Até pode ser que a Constança, um dia, vinda de Paris, esteja no café a dar conta das suas deambulações e o nosso amigo exclame: "Aiii, Parriiis! Também já lá estive. Um sonho! Um sonho!". Mas deixando isto, o que os gatos mostram é que para além das circunstâncias em que queremos catrapiscar (tanto pode ser a Maria, como uma atençãozinha ou emprego jeitoso) também somos ridículos naquelas em que reclamamos. O célebre "Falam, falam e não fazem nada" é a prova contundente. O português quando reclama dá-se ares, tem uma certa pose de quem está com a verdadinha do seu lado e por isso repete o "tás a compreender" em cada frase simples ou o "pronto". Pronto, gostamos muito da terrinha, já dizia o Joaquim de Carvalho que de História ou de Antropologia não percebia nada - além de apreciar o Júlio Dantas (pum!) - mas lia Heidegger e aplicou o método fenomenológico à saudade, em dois textos que não valem um calé furado. Saudadinhas da casinha, da terrinha, do pãozinho duro, do cavaquinho riquinho da alma de muita gente, enfim deste portugal que é um cantinho do Céu. Sorte é termos um gilinho que é um grande pensador e que é capaz de fazer disto uma cidade "inteligeennnte", com choques de opiniões, de fluxos e sabemos lá que mais. Senão, senhores leitores isto era tudo muito mau, muito mau. Petisque, se ainda não o fez.
K. Douglas