Não podia concordar mais com o que K. Douglas escreveu aqui sobre as colecções de discos. Como elas são biografias. Lembram-se como Rob, de Alta-Fidelidade, organizava os discos? Ele colocava-os pela ordem em que tinham sido comprados. Os álbuns contavam a história da sua vida, como tinha ido do músico A ao C, passando por B. A história do desenvolvimento do seu gosto pessoal, do seu crescimento, estava toda ali, naquela colecção.
Naturalmente, nem todos nós desenvolvemos a mesma relação obsessiva com os nossos discos. Mas é impossível não associar certos acontecimentos, pequenos momentos ou anos inteiros, a uma canção, um álbum, um músico. Há aquelas canções que são especiais porque parecem ter sido escritas especialmente para nós. Existem discos para certos momentos – nostálgicos, celebrativos, depressivos. Discos que nos trazem à memória pessoas especiais.
Uma vez organizei a minha playlist para tardes invernosas, cinzentas e chuvosas, que incluía Kings of Convenience, Rufus Wainwright, Divine Comedy ou Jay-Jay Johanson (dos tempos de Whiskey). No secundário, associava determinadas músicas a certas disciplinas – ouvia horas de Wagner enquanto preparava testes de Economia, ou a 5ª de Mahler para Filosofia. O próprio K. Douglas recebeu, em forma de disco, uma crónica do meu primeiro ano de liberdade absoluta – crónica que incluía canções que se ouviam nessa altura, dos Interpol aos Libertines, passando por Franz Ferdinand ou The Rakes.
É impossível olhar para os meus discos e não ver uma história completa por detrás de cada um deles. “Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia não há nada mais simples”.
Apesar de estarmos na época da música digital – eu própria tenho um iPod que muito estimo – nada pode competir com o objecto em si. Fazer downloads de música é como comprar livros online – é útil, prático, todos nós o fazemos, mas é um acto sem alma. Nada se compara ao entrar numa loja de discos, percorrer as prateleiras, tocar, olhar, admirar. Voltar para casa com um saco cheio de discos, uns comprados depois de longa reflexão, outros por impulso, colocá-los junto aos outros e, assim, juntar mais uma peça à construção da nossa história.
Naturalmente, nem todos nós desenvolvemos a mesma relação obsessiva com os nossos discos. Mas é impossível não associar certos acontecimentos, pequenos momentos ou anos inteiros, a uma canção, um álbum, um músico. Há aquelas canções que são especiais porque parecem ter sido escritas especialmente para nós. Existem discos para certos momentos – nostálgicos, celebrativos, depressivos. Discos que nos trazem à memória pessoas especiais.
Uma vez organizei a minha playlist para tardes invernosas, cinzentas e chuvosas, que incluía Kings of Convenience, Rufus Wainwright, Divine Comedy ou Jay-Jay Johanson (dos tempos de Whiskey). No secundário, associava determinadas músicas a certas disciplinas – ouvia horas de Wagner enquanto preparava testes de Economia, ou a 5ª de Mahler para Filosofia. O próprio K. Douglas recebeu, em forma de disco, uma crónica do meu primeiro ano de liberdade absoluta – crónica que incluía canções que se ouviam nessa altura, dos Interpol aos Libertines, passando por Franz Ferdinand ou The Rakes.
É impossível olhar para os meus discos e não ver uma história completa por detrás de cada um deles. “Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia não há nada mais simples”.
Apesar de estarmos na época da música digital – eu própria tenho um iPod que muito estimo – nada pode competir com o objecto em si. Fazer downloads de música é como comprar livros online – é útil, prático, todos nós o fazemos, mas é um acto sem alma. Nada se compara ao entrar numa loja de discos, percorrer as prateleiras, tocar, olhar, admirar. Voltar para casa com um saco cheio de discos, uns comprados depois de longa reflexão, outros por impulso, colocá-los junto aos outros e, assim, juntar mais uma peça à construção da nossa história.
Maria Braun