Ou ao blog, depois do Verão. Falemos, como não podia deixar de ser, de cinema. Não que haja muito a dizer em termos de estreias porque, com excepção de Dans la Maison e do novo de Woody Allen, foi o deserto. Há, no entanto, notícias dos festivais (Toronto, Telluride e Veneza) das quais faço um apanhado:
12 Years a Slave é fabuloso e teve ovações de pé tanto em Telluride como em Toronto. Ganhou o prémio de melhor filme neste festival. Segundo dizem, Ejiofor, Fassbender e a estreante Lupita Nyong’o são assombrosos.
Gravity também correspondeu às expectativas. É, segundo quem o viu, um dos grandes do ano e um dos melhores filmes de ficção-científica desde há muito, muito tempo.
Matthew McConaughey e Jared Leto têm interpretações notáveis em Dallas Buyers Club e podem ser dois dos nomes a anotar na próxima corrida aos Óscares.
Philomena de Stephen Frears tem sido um sucesso (embora mais entre as audiências do que entre os críticos). Foi runner-up para o prémio de Melhor Filme em Toronto e ganhou Melhor Argumento em Veneza. Judi Dench está na corrida.
O segundo runner-up em Toronto foi Prisoners, com Hugh Jackman e Jake Gyllenhaal. No ano passado, Silver Linings Playbook ganhou o festival, com Argo como runner-up.
August: Osage County é, como já se suspeitava, um filme com grandes interpretações mas mediano em qualidade cinematográfica. Precisava de um outro realizador que fosse capaz de transformar uma grande peça de teatro num grande filme, em vez de se limitar a filmar os actores. Meryl Streep domina.
Este parece ser o ano de Daniel Brühl, sobretudo com a interpretação em Rush, que tem merecido muitos e grandes elogios.
The Disappearance of Eleanor Rigby foi muito bem recebido em Toronto e foi comprado por Harvey Weinstein. A dúvida é se Weinstein o põe nos cinemas este ano ou se o guarda para o próximo. Jessica Chastain e James McAvoy têm recebido boas críticas.
Há filmes que não merecem as excelentes interpretações que contêm, i.e., o actor é melhor que o filme: Idris Elba e Naomie Harris em Mandela e Benedict Cumberbatch e Daniel Brühl em The Fifth Estate (Cumberbatch esteve presente com mais dois títulos, 12 Years e August: Osage County).
Tom Hanks está de novo em forma em Captain Phillips, de Paul Greengrass. Este é um título a que se deverá prestar atenção.
Há uma razão para o filme sobre Diana, com Naomi Watts, ter evitado o período dos festivais: ver as críticas que recebeu no Reino Unido.
Finalmente, uma pergunta. O que acontecerá ao Festival de Veneza nos próximos anos? Com os estúdios e produtores a apostar cada vez mais em Telluride e Toronto, Veneza teve uma das suas piores edições, sem conseguir conquistar as estreias em que estavam interessados. Isto coloca outra questão. Toronto e Telluride são vistos como plataformas de lançamento para os Óscares, tanto pelos produtores como pela imprensa de língua inglesa. Isso reduz muito a discussão dos filmes apresentados, quando a perspectiva pela qual são vistos é a de “será nomeado?”. Suponho que a inesperada escolha do júri de Bertolucci terá sido uma mensagem nesse sentido.
Claro que não estive em nenhum destes festivais e esta informação é em segunda-mão.
Maria Braun