A Mini só poderia surgir em Portugal. Se a Mini surgisse na Noruega teria um público-alvo definido: as senhoras, zelosas da linha e pouco apreciadoras do néctar de cevada, mas que acham que uma garrafa a espumar na mão propicia um ar descontraído, cool.
Mas não, a nossa Mini, a Mini portuguesa é a menina dos olhos de um outro sector de consumidores, o homem, mais do que isso, o homem-homem, não o homem-quesapatosfabulooooosos. E a sintaxe ajuda. “Quero uma Mini preta?” é uma frase problemática em lábios femininos.
O objectivo do homem-homem quando bebe cerveja é, essencialmente, a embriaguez. Porquê, então, optar por um formato tão pequeno, por uma quantidade tão ínfima de álcool diluído? Em última instância, nem é algo muito másculo.
Mas, enfim, já que tocámos neste ponto, ponderemos sobre a relação trolha-Mini (não confundir com mini-trolha). O trabalho braçal provoca uma constante perda de líquidos, certo? A hidratação é vital. Beber água é para meninos. Solução – cerveja. Uma escolha incoerente – Mini (ainda há garrafas de litro de Sagres? Seria mais lógico...). Ali, na pausa do almoço, com a sandes de ovo numa mão e a Mini na outra, o trolha mira o movimento na rua, vê uma rapariga, lança o piropo e beberica a sua cervejinha. Arroto. Duvido do elã viril desta imagem.
A Mini também não se revela saudável para a economia portuguesa. E nem o OE pondera este ponto. Num momento em que o consumo interno se retrai à mesma velocidade com que o Usain Bolt chega à meta e é necessário apostar no aumento das exportações, o que fazer com a Mini? A Mini não é passível de exportação. Imaginem: a Mini na Alemanha, a Mini na Irlanda, a Mini na Inglaterra... Seríamos gozados até à exaustão. A expressão “a minha é maior do que a tua” faria todo o sentido! Podíamos responder a isso com o défice mas, mesmo assim, a Irlanda ainda levava a melhor.
A Mini é tão nossa quanto o Cozido. É quase uma private-joke... que eu ainda não percebi.
Oh K., tu, elemento masculino do Confuse, poderás esclarecer-nos, não?
Sally Bowles