hands over your eyes
recalling your size
is it the right time
for the game we play
in all kinds of weather
Beach House
Há dois discos perfeitos para certas noites de Verão: Devotion dos Beach House e A River Ain't too Much to Love de Smog. A altura ideal para os ouvir é quando a noite começa a ficar alta, quando se faz sentir um pequeno, mas não desagradável, frio, quando o único vestígio cronológico no céu são duas luzes pequenas que andam e piscam lá no alto e que se identificam como pertencentes a um avião que vai para um sítio que não se consegue imaginar. Claro que não é preciso este estado de coisas para ouvir os discos, mas a minha vontade de o descrever deve-se ao poder destas canções e, por extensão, ao poder da música. É que se há uma dificuldade em expressar como as canções nos tocam, sendo aquilo que possamos dizer muito reduzido - normalmente ao simples e verdadeiro "é lindo" - , é também verdade que esse toque tem uma força que, por uma hora ou duas, nos coloca numa sensação de afinidade com as coisas (ainda que não seja completa) na qual as frases inacabas fazem sentido e a necessidade de dizer qualquer coisa fica saciada. Talvez pela comoção despertada por estas canções (não se consegue ser indiferente a Astronaut ou a Say Valley Maker), talvez porque o pensamento forme e fixe imagens.
K. Douglas