quarta-feira, 18 de março de 2009

Ao vivo com Mr. Holland


Pulp, I Spy (1995)

Por falar em programas televisivos que vemos religiosamente, acho que é tempo de mencionar Later with Jools Holland. Durante toda a segunda metade dos anos 90 e primeiros anos desta década não perdi uma única emissão. Quando penso na televisão que via na altura, esta é uma das minhas referências. Na década de 90, quando muitos programas de música apostavam nos videoclips e deixavam transparecer a influência MTV, era um alívio ver Later. Não era, nem por sombras, perfeito, mas conseguia ser ecléctico, misturando os sabores do momento com “clássicos” ou com algumas escolhas pessoais de Holland (muitas no campo da “world music”). Juntava-se cinco ou seis bandas ou músicos num único espaço, tocando alternadamente, e Holland servia de mestre-de-cerimónias. Later acabava por ser mais intimista que a maior parte dos outros programas de divulgação musical – o que deu o seu resultado, já que está no ar desde 1992. Nos últimos quatro ou cinco anos, no entanto, deixei de seguir o programa tão de perto.
Sempre que penso em Later – e na televisão que via nessa época, em geral – há um momento que me vem à mente instantaneamente. Falo da última canção que os Pulp tocaram na sua aparição em 1995, I Spy, que encerrou a emissão. Durante seis minutos não fui capaz de desviar os olhos do ecrã e de Jarvis. Às vezes não há uma explicação racional para as nossas preferências, mas a verdade é que, para mim, foi um momento hipnótico. Um daqueles momentos que definem um programa.
Junto outra actuação, esta de 1996: eram os Suede, com Trash.


Suede, Trash (1996)


Maria Braun