sexta-feira, 27 de junho de 2008

Santo Antoninho do meu coração

Se, por acaso, escorregar na calçada da bica, não tenha o telemóvel na mão. Provavelmente, conseguirá endireitar-se e não rebolar até lá abaixo (isto num dia de semana). Já o seu telemóvel tem uma grande probabilidade de cair ao chão, desmontar-se em três e começar a deslizar calçada abaixo. Então, quando já se endireitou, vê a tampa da bateria perto de si, os seus amigos a correrem devagar - Olha, olha! Apanha! - e, por fim, o palhaço cai para dentro do carril. De olhos bem abertos, percebe que ele desapareceu e não diz nada. Aproxima-se, alguém diz: Calma, o carril é pouco fundo. Porém, chega ao sítio e percebe que ele está lá em baixo, a uma distância de 40 cm ou de 50cm. Então diz: "Fiquei sem telemóvel", ainda sem acreditar. Alguém ilumina a frincha do carril com um telemóvel e lá está ele. Bem, não o podemos recuperar. A sua vontade é sair dali. Assim é. Mas pode ser que, quando chegado ao largo de Santo Antoninho, um amigo seu decida voltar para trás, a fim de recuperar o seu telemóvel. Num bar, pede-se algo com cabos e, de vassoura e de pá em punho, chega-se ao lugar do acidente. Começam os suspiros, os ohhhhh, os quase!!! esganiçados, as ideias, as tácticas e o pobre do palhaço aos trambolhões lá em baixo. Os minutos passam até que, num golpe de sorte, após inúmeras tentativas, até já com o apoio de uma moradora à janela, volta a pôr a mão no telemóvel. Perdeu a bateria, é certo, mas recuperou o essencial.
K. Douglas