terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Here I go again!

Concordo com o balanço do K.. Morninha, morninha. E ainda para mais, previsível. No fundo, tal como nos outros anos. Nada de novo no reino de Hollywood. Nem sequer a premiação d'O Artista parece algo tão arrojado quanto alguma imprensa deixou transparecer. É francês, é mudo, é a preto e branco mas isso não basta para o classificar com um objecto aparte. Não é uma crítica - gostei do filme e aconselho.
Quanto à Maggie - são os Estados Unidos, meu caro K.! Os mesmos que, quiçá, lá mais para o final do ano, não sofrerão um retrocesso rumo a um novo Sr. Bush. Mas não só. É também o Reino Unido, não é verdade? Talvez até a Frau Merkel tenha ganho um novo filme favorito.

Voltanto à cerimónia, eu, que já não tenho a paciência de outrora para uma noitada de óscares, confesso que só a vi em indeferido e desisti a meio, algures na choradeira da melhor actriz secundária. Pelo pouco que vi, o Billy Crystal consegue ter a acutilância de um António Sala. Quase fofinho, diria, excepto quando começa com as cantorias. Aí, torna-se algo assustador. Eu acho que a filhota do Scorsese vai ter pesadelos até à maioridade.

Uma palavra para classificar a cerimónia: chata. Mas é o que estávamos à espera, não é? Nada fugiu à normalidade. Até porque barraram logo o pseudo-Kim Jong na passadeira vermelha. Não sei se estavam à espera que as meninas guardas trouxessem bombas escondidas e, se sim, resta saber onde. Pela classificação do K., "menos de morno", nem a perna da Angelina serviu para aquecer a cerimónia. Além do mais, não houve nada equivalente para as senhoras. E isso é sexista!



Sally Bowles






P. S. (para a Maria): O Christian Bale é o único homem do mundo que fica bem de barba. Está comprovado.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Mamma mia...

Os Óscares. Outra vez. A academia tem uma especial preferência por personagens britânicas. Isabel II, o seu pai e, agora, Maggie. Não quero ferir sensibilidades e muito menos negar talentos. Porém, tudo se pode resumir a uma ideia: encarnações para sopeiras. O Discurso do Rei é isso mesmo: um filme para sopeiras. E a Dama de Ferro, a julgar pelos trailers, também é para sopeiras, às quais se juntam, eventualmente, as velhas que pertenceram ao movimento nacional feminino. Certamente que estas senhoras vão gostar imenso do filme Maggie Mamma Mia. Afinal, como diz a publicidade, trata-se da história de uma grande mulher que fez tudo pelo seu país. Vivemos tempos mesmo muito ordinários. De resto, fiquei contente por Allen e gostei muito de ouvir Michel Hazanavicius:“I want to thank Billy Wilder, I want to thank Billy Wilder and I want to thank Billy Wilder." É fácil, mas pareceu-me sentido. Billy Crystal foi engraçado q.b. e a cerimónia no seu todo - uma vez mais - foi menos que morna.

K. Douglas

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Porca com Sorte




Há uma semana que estou para colocar este vídeo no blog. Miss Piggy nos BAFTA. Quem diria que eu alguma vez teria inveja de uma porca.


Maria Braun

domingo, 19 de fevereiro de 2012

João Gilberto - Você e Eu

                 
K. Douglas

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

No Future/No Past


Este é o video de No Future/No Past, a primeira canção de Attack on Memory dos Cloud Nothings. 


K. Douglas



Domingo à noite

Desculpem a minha demora em escrever. Terminei, há uns dias atrás, o tal grande e famoso romance russo que estava a ler: Anna Karenina. É inesquecível. Talvez escreva algumas impressões em breve, nomeadamente sobre a sensibilidade apurada de Tolstoi - acreditem: um cintilar no olhar, quase imperceptível, é suficiente para que a vida mude de forma irremediável. Por agora dedico-me a umas notas soltas que me foram surgindo ao longo deste serão de Domingo escuro, frio e deprimente.

A primeira coisa de que gostaria de falar é sobre o acordo ortográfico. Não sou a favor do acordo ortográfico e não o vou utilizar na minha privada. No entanto, se algum dia tiver que escrever um documento público, de carácter oficial, o que seja, então farei uso do acordo. Por outro lado, acompanho a aprendizagem de uma criança e, nessa situação, sigo o acordo - tanto mais que está implementado nos manuais escolares. Isto para dizer que não aplaudo, de modo algum, Vasco Graça Moura. Não creio que se possa imprimir juízos e determinações pessoais na condução de uma instituição que, ainda que de direito privado, está na dependência administrativa do Estado. O presidente é o órgão máximo da fundação e é nomeado pelo ministro da Cultura. Ups, secretário de Estado. Portanto, a deliberação de Graça Moura, para mim, não é mais do que a criação de que um pequeno nicho de poder e que se apresenta incólume, tanto que o secretário de Estado já fez saber que nada poderá fazer quanto à decisão (não?!) e o primeiro-ministro, em resposta a António José Seguro é cabal no esclarecimento: «Queria dizer-lhe que o Governo não tem nenhum esclarecimento a acrescentar sobre esta matéria. O acordo ortográfico entrou em vigor a 1 de janeiro deste ano, assim o confirmam os manuais escolares, assim como todos os atos oficiais, e ele será cumprido.» Bem, porque a aplicação do acordo ortográfico reveste a forma de lei, a decisão de Graça Moura pode levantar algumas questões.Nomeadamente, qual é o espaço de acção dos administradores? Pode alguém que está na alçada da administração do Estado dizer: eu não aplico? Sim? Então, as consequências podem ser extensas.

Disse que este serão é escuro, frio e deprimente. O terceiro adjectivo não deriva necessariamente dos dois primeiros, mas sim da televisão, das notícias. dos comentadores, de Marcelo Rebelo de Sousa, da maneira condescendente com que tratam as pessoas - os "portuguesinhos". Não tive oportunidade (faço aqui um pequeno excurso) de ler na íntegra a entrevista de Judite de Sousa à Pública, mas o que li foi suficiente e grave. A senhora orgulha-se, por assim dizer, de fazer parte de uma narrativa que levou ao pedido de resgate do país. Há muitas coisas que podem ser ditas sobre o assunto e também não se pode ser ingénuo no que diz respeito à interferência da comunicação social na política. Mas julgo que deve ser dita uma coisa. Judite de Sousa chegou à TVI e quis mostrar as suas insígnias de jornalista (não resisto: Manela, vê como eu chego e despacho o Sócrates num instante e tu nunca o conseguiste fazer). Realiza quatro entrevistas a banqueiros que queriam a intervenção externa e assim foi feito, conseguiram (e talvez não houvesse alternativa - deixe-se essa possibilidade em cima da mesa). Qual é o resultado, Judite de Sousa? Que espaço de reflexão levantou? Que movimentos sociais ou de cidadania originou? Nada, de nada. "Apenas" um programa de ajustamento económico e um governo cheio de gente incompetente que está a acabar com o que resta do país. É certo, eu não li a entrevista na íntegra, mas acho que a pergunta é necessária: o que é que ganhou?  O que é que ganhou como jornalista? O que é que se ganhou? E porque é que a comunicação social, na sua generalidade, está num estado de bonomia bovina para com este governo?

Voltando à sensação de depressão dada pela televisão (passava a ferro enquanto a voz de Rebelo de Sousa chegava da sala). É horrível a condescendência com que se trata o português dito comum. É preciso explicar as nomeações e a atribuição de subsídios quando o trabalhador comum ficou sem eles, caso contrário, as pessoas não compreendem. Isto é indecente! Mas o que é que há para compreender? Não há excepções, ponto final. Não há uma massa de gente empobrecida, que vê cortes nas prestações sociais, subsídios, etc., e uma casta para quem os direitos são inalienáveis. Isto é óbvio, não precisa de ser dito. 

Por fim, finalmente vi Sangue do meu Sangue de João Canijo. Devo dizer que fiquei maravilhado e de coração apertado.



Sangue do meu Sangue, João Canijo, Portugal, 2011

K. Douglas