Eu sei que a nossa especialista em cinema é a Menina Braun mas hoje vou entrar de leve no campo da nossa "Mata-Hari do milagre económico".
No passado fim-de-semana fui ver o filme comemorativo dos 60 anos do Festival de Cannes, Cada um o seu cinema (Chacun son Cinéma). Para os mais distraídos aqui fica uma breve sinopse: foi pedido a 33 realizadores que fizessem um filme de 3 minutos sobre o cinema, o seu público e o seu espaço, as salas. O resultado foi uma mescla de curtas (ou melhor, de curtíssimas) muito díspares e que conferiram uma grande heterogeneidade ao produto final que não deixa de ser interessante.
Como é costume neste tipo de produção, há fragmentos melhores que outros (não compreendi que raio de obsessão era aquela pela cegueira!!) mas todos perfeitamente reconhecíveis no estilo de cada um dos realizadores. Por exemplo, a curta de David Lynch é identificada logo no primeiro segundo, como não podia deixar de ser. Mas o mesmo acontece com Cronenberg, Van Sant ou mesmo com o nosso Oliveirinha e a sua bem disposta contribuição (Ah! A barriguinha do camarada papa!).
Apesar de todas as sequências merecerem um post, hoje apenas queria falar da curta-metragem de Ken Loach que surge no final. Um pai e um filho numa fila para a bilheteira tentam decidir que filme irão ver, perante a impaciência das outras pessoas que também esperam pelo seu bilhete. As sugestões do pai para o filho adolescente não deixam de ser curiosas - uma caricatural tendência para o cine-lixo. Os que esperam na fila também dão as suas sugestões. Ficamos com a ideia de que nós não poríamos os pés naquele cinema, de certezinha absoluta! Quando chegam ao final da fila, perante a impaciência da rapariga da bilheteira, o pai toma uma decisão que é imediatamente aplaudida pelo filho - vamos mas é ao futebol!
Pois é, meus caros, hoje troquem a sala de cinema pelo Barcelona-Manchester (Barça! Barça!). Então se estão a pensar ir ver os Anjos e Demónios, é mesmo o melhor que têm a fazer. Embora a ideia do Ewan McGregor a fazer de padre não deixar de ser... enfim... falta-me a palavra... passo a bola à Maria Braun que percebe melhor disso do que eu!
Sally Bowles