segunda-feira, 24 de novembro de 2008

É verdade, um ano de vida (porque também tenho de dizer alguma coisa, não é?)

Queria apenas acrescentar que não tenho responsabilidade pelos azulejos do hall e que não fiquei com a sobremesa. Era um semi-frio de manga, não era?
Quanto ao jantar, aqui fica a receita:
Cannelonis à Sally
Refogue a cebola e o alho em azeite abundante. Quando estiver louro, acrescente tomate fresco ou de lata. Tempere a gosto e deixe cozer. Passe o molho pela varinha mágica. Volta ao lume a engrossar. No fim, acrescenta-se coentros picados.
Entretanto, coza os espinafres. Reserve. Desfaça dois queijinhos frescos e tempere com sal e pimenta. Recheie os cannelonis com os espinafres e o queijo fresco.
Distribua os cannelonis num pirex previamente untado com azeite. Deite por cima o molho de tomate até os cobrir. Polvilhe com queijo ralado. Vai ao forno a gratinar.
Bom apetite!
Sally Bowles

Um ano de vida

O nosso blog faz hoje um ano. Um ano e nada mudou. Raio de existência!
Sim, K. levaste vinho. Se não tivesses levado, talvez este blog não existisse. Assim, foi criada uma plataforma para as nossas pequenas fugas à realidade. Aqui não se discute nada importante. Ainda bem! A realidade é sobrevalorizada.
Será que vamos aguentar mais um ano?
Maria Braun
PS: A sobremesa foi contigo K.

Um ano de purgatório (ao contrário do limbo, não temos previsão de trespasse).

Sei onde estava há um ano atrás. Estava na minha casa. A esta hora já devia ter ido ao supermercado, já teria almoçado e já teria ido ao café (talvez arrastado). Também já devia ter comprado o vinho (acho que levei vinho, já não me lembro) e, por estas contas, já devia estar mais ou menos preparado para ir para casa da Sally, ainda que faltasse bastante tempo. Portanto, sim, devia estar em casa. Mais tarde apanhei o autocarro e cheguei mais ou menos ao mesmo tempo que a Maria. Gostámos muito da casa da Sally, mas não pudemos ficar calados no que diz respeito aos azulejos do hall de entrada. Por entre o jantar ( que faria cerzir a face de qualquer anfitriã), a sobremesa da Maria, leituras de passagens de Umberto Eco e de um romance de um magnânimo Silva, surgiu este blog. Parabéns!
K.

P.S - Maria, não tenho nada que bata o teu clip do office. Hmmm, fui eu que fiquei com o que restou da sobremesa?

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Se não consegues vencê-los...




Os Monty Python decidiram criar o seu canal oficial no YouTube. A partir de agora são eles que colocam os seus próprios clips no site.


Maria Braun

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Literatura de metro

Não sou uma leitora de metro. Sempre achei que ler no metro tinha um quê de frustrante – no momento em que começamos a entrar no livro, em que a leitura se torna mais fluida depois daquelas primeiras linhas em que tentamos recordar o que tínhamos lido no dia anterior, somos interrompidos pelo abrir das portas, emergimos da leitura para voltar a respirar o quotidiano, rendidos às obrigações da vida (in)útil.
Por outro lado, é sempre com curiosidade que tento vislumbrar o que os meus companheiros involuntários de viagem estão a ler. Posso até tentar um levantamento estatístico. Diria que quase 80% dos leitores de metro se rendem à leitura de periódicos e, nesta categoria, os grandes vencedores são os diários gratuitos. Ao português nunca custou sacrificar a cabeça à carteira. Seguem-se os jornais desportivos (sobretudo à segunda-feira) e os grandes clássicos da “imprensa cor-de-rosa”: a Maria, pelo seu formato maneirinho, faz grande sucesso entre a tripulação metropolitana. Dos restantes 20%, uma boa parte dedica-se à “literatura light”, enquadrando-se nesta categoria não apenas os apelidados “romances femininos” mas também os cada vez mais omnipresentes romances históricos para idiotas com predilecção por teorias de conspiração envolvendo o Vaticano, a Maçonaria, os templários e o José Cid. Restam os livros técnicos e científicos, lidos nervosamente por aqueles a quem não basta a jornada diária de trabalho. Podemos ainda generalizar uma última categoria com a designação de “outros”, a qual engloba aquilo que é a “literatura-literatura”.
Não, não pretendo tirar conclusões sobre o estado da cultura do povo português através desta amostra. A minha intenção é outra: definir o que é um bom livro de metro. Sim, porque eu sou da opinião de que se deveria tentar uma nova categorização da literatura, tendo em conta não a sua forma, ou conteúdo, ou fim mas sim o espaço de leitura. Aliás, se eu tivesse uma livraria iria dividi-la em secções baseadas no princípio “livros para ler em...”. Nas estantes, suceder-se-iam categorias como: sofá, cama, praia, jardim, cozinha, casa-de-banho...
Então, o que é um bom livro para ler no metro? Adianto aqui alguns princípios básicos:
1. Não ser muito pesado – para o bem da coluna do leitor que terá de transportá-lo durante todo o dia.
2. Não ser muito suspeito – há sempre alguém a espreitar por cima do nosso ombro, por isso, evite Henry Miller (sim, isto também é para ti, K.).
3. Não ter parágrafos muito longos – não se esqueça que poderá ser obrigado a sair, deixando um parágrafo a meio (Lobo Antunes não é uma boa literatura de metro).
4. Não ser muito polémico – arrisca-se a uma “conversa de metro” indesejável.
5. Cuidado com a capa – mantenha as aparências!
De resto, algumas dicas para os leitores de metro. Primeiro, não se esqueça que um livro numa língua estrangeira dá sempre um ar cosmopolita e erudito. Para os leitores-macho, aconselho poesia pois faz sempre sucesso entre as viajantes-fêmea. Porém, atenção ao autor, pois poderá atrair outro género de viajantes.
Por mim, vou continuar a não levar nenhum livro para ler no metro. Espreitar por cima dos ombros alheios é sempre mais divertido.
Sally Bowles